Não sei se esta estrada de sonho
que me atravessa cabe nas palavras de um poema.
Não sei sequer se há palavras para este estranho vento
que se levanta
e para a lava incandescente dos sonhos
nas noites que duram tanto
(E me deixam exausto!)
Mas sei…
Que o mundo fica devagar
nas maçãs do teu rosto
e nos campos de papoilas ondulantes.
Que o vento se engasga
nos teus finos lábios
e nas searas de trigo doirado.
Que o tempo adormece
na ternura da cor dos teus olhos
e nesta vontade imensa de te amar .
Sei que o sol que abraço
tem o teu sorriso ao amanhecer
e que me traz a primavera,
a música infinita e as frestas vazias
do chão que quero pisar.
Arrumo as dores
nos umbrais dos sonhos
porque sei…
que depois de tanto viajar
neste labirinto de paixão,
cada sombra mágica e coleante de ti
é por si mesma um poema,
um poema…
um ninho de palavras…
a minha noite…
a minha madrugada…
o meu dia…
a sinfonia da vida.
E eu, já perdido,
é em ti que me encontro
é em ti que busco a
outra ilha de mim,
para existir tanto!...
[ © António Carlos Santos ]
In: Poesia " da Geometria do Amor" ( Seda Publicações)
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