Infinitos ...
A pior das partidas é aquela em que sei que tenho de deixar-te ir, mas gostaria de convencer-te a ficar. A mais sentida das idas é aquela em que sei que tu vais, mas tenho a certeza de que ficas. Porque quando um de nós vai o outro abala. E quando um fica o outro queda-se. Porque nos fizemos infinitos quando ultrapassámos o tempo e o espaço e fomos além daquilo que a razão pode alcançar. Convertemo-nos em ilimitados quando ultrapassámos os limites que nos confortavam e passámos do vulgar conhecido para o supremo desconhecido. Porque nos tornámos imensuráveis quando não determinamos onde acaba um e começa o outro. Fizemo-nos inextinguíveis quando parte de nós vive no outro e o outro habita em nós. Somos intermináveis porque a melhor das chegadas é aquela em que não partiste e te reencontro sempre que me olho. Somos infindáveis porque a mais ditosa das vindas é aquela em que chegas ao fim, voltando ao lugar de onde partiste.
( Paulo Gonçalves Ribeiro)
(imagem retirada da net)