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Viver é aceitar que cada minuto é um milagre que não poderá ser repetido..!

Dia mundial da poesia

Quando a ternura for a única regra da manhã.

 

Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã, acordarei entre os teus braços. 

A tua pele será talvez demasiado bela. E a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.

Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada

de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela. 

Sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar a perfeição da felicidade.

 

José Luís Peixoto

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Abraça-me!!!

Abraça-me.
Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos.
Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas.
Abraça-me.
Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida.
 Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram.
Abraça-me.
Quero morrer de ti em mim, espantado de amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos.
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que delem fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.
Abraça-me.
Uma vez só.
Uma vez mais.
Uma vez que nem sei se tu existes.

(Joaquim Pessoa, in "Ano Comum")
 

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Sementes!

Nem sempre o silêncio é sinal de nada a dizer

Simplesmente dispenso plateias e luzes de ribalta
Porque o meu peito somente quer amor
Os meus baús só carregam memórias
O meu futuro flutua e é lá que estão os meus sonhos
 
Fiz desta fantasia a realidade da minha vida
E os meus sorrisos ainda me pedem para nascer
Por isso, já não irei mais remexer os meus silêncios
Alimentar-me-ei somente de cheiros suaves
Hoje é o presente e eu não quero ficar ausente
 
Semear amor é querer viver em amor
E nada voltará a ser como era dantes
Mas tudo pode ser melhor como nunca foi
Porque para trás ficam amores e desamores
Assim como palavras cansadas e estradas erradas
 
Hoje deito na terra sementes de paixão
Procuro a liberdade das fontes que renascem das pedras
Abro as janelas e deixo o vento entrar
E voo em busca de ninhos que me dão colo
Numa perfeita melodia de sedução e de luxuria
 
Por vezes, questiono-me de que cor serão os meus sonhos
Ou então como será a vida dum pássaro sem pouso
Já não voo nos céus da ilusão
Nem nunca serei um eco vazio de vida
E os meus pesadelos deixaram de ter nome
 
Quando o teu corpo solta borboletas no ar
Crescem-me sentimentos lascivos no olhar
Mas existem dias em que tudo parece uma teia
Que se confundem com a folha em branco dum poema árido
E depois, depois dou comigo a sonhar-te
 
 
11.03.2021
JCC
 

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(imagem retirada net)