A propósito do meu amor por ti, desenhei infinitamente o teu nome pelas areias da praia molhada e chorei num pranto descontrolado no melancólico contar das ondas salgadas.
Foi naquela manhã esquecida no tempo, que fustigado no rosto pelo sal castigador do mar em fúria, que eu descobri que a missão das marés salgadas é tão simples como perpetuar a saudade que eu tenho de ti.
Pela areia despida, as minhas pegadas caminhavam sós, vazias, num lento movimento triste e deambulante.
Era apenas eu, o mar, alguns rochedos pasmados e um bando de gaivotas atrevidas naquela manhã esquecida na praia.
No pensamento, um breve e assustador encontro com a realidade obtusa da minha vida, longe do nosso amor das palavras bonitas e dos abraços demorados, e um vazio tomou conta de mim.
Um arrepio gélido trespassou-me a espinha, circulou lentamente por cada uma das minhas veias, para por fim ferir de morte o meu desamparado coração.
Derramei compulsivamente as minhas lágrimas de sal.
Deixei-as livres. Deixei que me lavassem o rosto, que me purificassem a alma...
Mil marés já passaram desde aquela manhã de nortada perdida na praia, em que a propósito do meu amor por ti, eu desci ao fundo da solidão.
O meu vazio continua latente.
O meu coração permanece angustiado.
As minhas lágrimas entretanto deixaram de cair.
como é assustador já não conseguir chorar.
#orapazdoamor