Trago-te!
Trago-te no regaço búzios a assobiar
para agitar o crepúsculo e os abismos
pincelados na correnteza do rosto do mar,
pássaros a chilrear suspiros por entre
as últimas pétalas e a relva orvalhada.
Trago-te nas mãos o fogo vestido de carmesim
a evocação dos relâmpagos atrás das pálpebras
e a raiz das coisas velhas, usadas e gastas
como se fossem flores frescas ao vento e ao sol.
Trago-te a ampulheta do céu em repouso
os meus olhos apaixonados pelos teus
e nos meus braços que são as tuas camélias
todo o nosso amor bordado entre os dedos.
© António Carlos Santos