Primavera vertical
Vento arado em toalhas de versos
no silêncio dos pássaros.
Nos brincos da noite exausta
calores erguidos nas sugestões da pele
e no ventre acetinado dos lençóis.
Maré alta e suave linho
brisa ligeira que esparge
sobre as águas dos rios cintilantes
toda a saciedade da flor de cerejeira.
Véus de lua levedados
nos pedaços da epiderme
e nas veias sonoras do deleite
árvores curvadas, palavras de água
fulgor e orgia embriagada.
É amanhã agora,
primavera vertical no peito
e o Amor…
é vida inteira que levarei comigo.
© António Carlos Santos