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TERAPIA DAS PALAVRAS...

Viver é aceitar que cada minuto é um milagre que não poderá ser repetido..!

TERAPIA DAS PALAVRAS...

Viver é aceitar que cada minuto é um milagre que não poderá ser repetido..!

Do sonho.. o que fica!

Abri as janelas
que havia dentro de ti
e entrei abandonada
nos teus braços generosos...

Senti dentro de mim
o tempo a criar silêncio
para te beber altivo e pleno...

Mil vezes
repeti teu nome,
mil vezes,
de forma aveludada
e era a chave
que se expunha
e se reproduzia dentro de mim...

Já não sonho,
deixei de sonhar,
o sonho é poeira dos tempos
é a voz da extensão
é a voz da pureza
que brota na nossa doçura.

Quando abri as tuas janelas
e despi teus braços
perdi a vaidade
e a pressa,
amei a partida
e em silêncio abri,
(sem saber que abria)
uma noite húmida
que se fundiu em madrugada e me fez perder para sempre os teus abraços...

 

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Dia 100

Um dia especial é aquele onde tropeçámos um no outro...
Ou o lugar onde nos beijámos pela primeira vez.
Ou aquele quarto de hotel.
Um sítio especial é o útero. E o colo. E o berço. E a escola. E a casa. E a casa do nosso melhor amigo. E o nosso bairro. E a nossa rua.
E o nosso café. É também muito especial o sítio onde nada acontece.
Ou aquele onde nunca estivemos. Ou simplesmente aquele que não existe.
Ou o que apenas existe na nossa imaginação. E também o sítio que não conseguimos sequer imaginar.
E na verdade é especialíssimo o sítio onde não queremos estar. E o que nos é indiferente. E aquele que nos magoa.
E o que não suportamos. E o que não gostaríamos que existisse.
Sítio verdadeiramente especial é o texto.
Onde cabem todos os sítios que são especiais.
E os que, por não serem, o são. E os que estão, ainda, para o ser.
Mas, de todos, o mais especial dos sítios é aquele onde, em cada momento, nos encontramos.
E onde sentimos fluir o tempo e a vida.
Aquele sítio onde todos temos de estar, sob pena de não ser possível estar em sítio algum ou, não podendo sair do mesmo sítio, estar em todos os sítios ao mesmo tempo.
 
Joaquim Pessoa
 

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Foto by PCeriaco ( gentilmente cedida)

 

Se tu me amas..

Um barco solitário 
rasga o rio vazio
como num poema de versos zangados 
com palavras em ziguezague 
como num Amor de caminhos trocados
de gatos pasmados
de noites mal dormidas
de sonhos irreais.
 
Voam pombas no jardim.
A coruja canta num riso abraçado
debaixo dos uivos de lua
nos braços gigantes do castanheiro. 
 
Estou tão perto do porto dos meus pecados
da demência da tua ausência
do teu cheiro a maresia
da loucura rasante das minhas vontades.
 
Hoje chove no meu peito.
Temo que morrerá a luz 
que ficou de nascer.
 
Terei tempo para sonhar?
 
Será que o meu tempo acabou?
 
Onde estas tu, meu Amor?
Onde estas tu, meu Amor?
 
Se tu me amas que seja agora.
Que seja nesta noite vazia 
em que o meu coração chora
e coruja ri debaixo da luz da lua.
 
Se tu me amas que seja agora
que seja de mansinho
com o jeito macio 
das noites de aconchego.
Que seja com a ternura demorada 
das tuas mãos de seda
com a subtileza inigualável 
das bolas de sabão.
 
Se tu me amas que seja agora
que seja pelo Amor
pelo nosso Amor
pelo meu sorriso enamorado
pelos meus olhos brilhantes
pelos nossos beijos de jasmim.
 
Onde estas tu, meu Amor?
 
Se tu me amas que seja agora
porque amanhã já não sei se estarei aqui.
 
#ORapazdoAmor
 

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(imagem retirada da net)

 

Nada me perguntes..

Não me perguntes,

porque nada sei

Da vida,

Nem do amor,

Nem de Deus,

Nem da morte.

Vivo,

Amo,

Acredito sem crer,

E morro, antecipadamente

Ressuscitando.

O resto são palavras

Que decorei

De tanto as ouvir.

E a palavra

É o orgulho do silêncio envergonhado.

Num tempo de ponteiros, agendado,

Sem nada perguntar,

Vê, sem tempo, o que vês

Acontecer.

E na minha mudez

Aprende a adivinhar

O que de mim não possas entender...

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 Miguel Torga

Lá fora..

Lá fora todos os dias

são o rosto deste março 

Longe das flores o mar

não tem janelas descerradas

e o vento lavra gaivotas

que tocam suavemente

violinos nos teus olhos.

 

Lá fora as tuas mãos abertas

acariciam a cor das areias e

desdobram versos nos dedos

em rendas de frágeis neblinas. 

E em cada soluço da tua pele a

água semeada sopra o teu nome.

 

Lá fora o mundo que sabe a sal

acaba sempre ali, no lugar em

que carregas no colo, os silêncios.

© António Carlos Santos

 

 

Hoje Quero Falar de Amor

Hoje, quero dizer o quanto te amo, o quanto te quero o quanto és importante nessa vida errante no meu sonho de Amor.

Querem que eu fale de amor como, se não bastasse, o que trago no peito sem ter mais a minha dor.

Dor passada, fugidia que resolveu me abandonar.

Nem sei porquê. Eu a procuro, não acho.

Foi pra outras plagas me deixando feliz para poder compor meus novos versos de Amor!

Eda Carneiro da Rocha

 

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A dor que me deixaste!

Hoje vou buscar-te mais perto, estás quase aí, mas não consigo tocar-te.

Afinal as pessoas existem dentro e fora de nós (e hoje penso que dentro de mim tens sido mais belo do que aí fora), foste o que és também pelo meu olhar, que te cobriu de mantos de afecto; fiz-te príncipe dentro de mim; galgando os muros do teu ser quis lá colocar flores, cores lindas e uma água de amor transbordante.

Inebriava-me o cheiro dessas flores, agora tuas, o sorriso dessas cores iluminadas; sentia-me inundada pelos braços e pelas mãos dessa água, onde me perdia tanto....hoje puxo suavemente esse manto mágico com que te cobri e, receosa, descerro as pálpebras devagar para te olhar – és belo, és parte daquele tu de antes e a parte que te falta sou eu...sou também eu, na leitura que de ti faço; onde e quando te ponho entoações, sentidos, intenções e até pensamentos e sonhos – sim, consigo pôr...-te a sonhar dentro de mim e lá, eu sonho que tu sonhas...comigo.

Mas quando olho para fora e procuro a tua mão com a minha, ela não está lá, como não está o teu olhar para se cruzar com o meu.

Onde estás, afinal, se no sonho que eu via em ti era comigo que sonhavas?!

Tu davas-me a esperança deste sonho e essa esperança fazia-me desenhar esboços de um desejo que era a dois, mas que afinal não passou de um caminho a um, eu.

Apenas comunguei verdadeiramente contigo no espaço da subjectividade em que eu adivinhava e lia em ti emoções, afectos, mas foi tão-somente aí.

Fora de mim não estavas para mim.

Quando penso assim, dói-me ainda e então prefiro cobrir-te com aquele manto e mantê-lo com as mãos, segurá-lo para que não escorregue e te empobreça.

Quando dói parece que faz frio...deixa-me cobrir-te.

(Maria João Saraiva, in a A Dor que me deixaste)