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Viver é aceitar que cada minuto é um milagre que não poderá ser repetido..!

Vamos voar?!

Preciso de momentos em que a vida tenha vontade de ser vivida, mas vivida por dentro, como quem (re)nasce...

em que se coloca em perspetiva o que se viveu e que se entende o tanto que ainda a vida chama para viver... para queimar, para deixar de pensar com as borboletas na cabeça e dar silêncio para ouvi-las no coração...

sim, porque elas quando existem não se restringem à barriga, ela percorrem tudo e precisamos de tempo e calma para as sentir (ou não) em cada centímetro que as deixamos existir... a vida, aquela vivida a sério, só me faz sentido com elas, sem elas não há metamorfose e seremos sempre lagartas à espera... à espera não sei de quê... descobri que é esse som, do bater das asas, que me faz mover e sem ele, apenas oiço o rastejar...

 talvez por isso é que gosto tanto quando me sinto a voar... esses são os momentos que valem a pena (re)nascer...
Vamos voar?

 

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Intimidade...

No coraçao da mina secreta,

No interior do fruto mais distante,

Na vibração da nota mais discreta,

No buzio mais convolto e ressoante,

 

Na camada mais densa da pintura,

Na veia que no corpo mais nos sonde,

Na palavra que diga mais brandura,

Na raiz, que mais desce, mais esconde,

 

No silencio mais fundo desta pausa,

Em que a vida se fez perenidade,

Procuro a tua mão,decifro a causa

De querer e não crer, final intimidade!

Jose Saramago

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(retirada da net)

 

 

Os Livros Estão Sempre Sós!

 
Os livros estão sempre sós. Como nós.
Sofrem o terrível impacto do presente. Como nós.
Têm o dom de consolar, divertir, ferir, queimar. Como nós.
Calam a sua fúria com a sua farsa. Como nós.
Têm fachadas lisas ou não. Como nós.
Formosas, delirantes, horrorosas. Como nós.
Estão ali sendo entretanto. Como nós.
No limiar do esquecimento. Como nós.
Cheios de submissão ao serviço do impossível. Como nós.
 
Os Livros Estão Sempre Sós
Ana Hatherly, in 'Tisanas'
 

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E ...entretanto!

...E, entretanto, mil chuvas de verão
 não limparam o pó
 que a saudade de ti
 deixou no meu peito.
 
...E, portanto, é nesta primavera, 
de campos verdes,
que te aguardo, 
sereno e pleno, 
na esperança sabida 
do advir do tempo perfeito.
 
...Espero pelo teu cabelo, cor de trigo maduro,
 faminto dos teus lábios, 
começo de tudo,
 carente das tuas mãos
 onde reside o futuro.
 
(O.Leunam)
 
(abraça-me com as palavras)
 

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Saudade...

A palavra mais bonita do mundo!

Saudade.
Tão nossa.
Tão cheia de sentido e razão.
Saudade dos que foram e nunca mais vemos.
Daqueles que nos obrigam a fechar os olhos para os lembrar.
O sorriso.
A gargalhada.
O abraço.
Saudade.
De outros tempos.
Saudade.
O desejo de fazermos mais.
Irmos mais além.
Saudade dos que foram mas já não são.
Saudade do cheiro a casa. Do sabor a manteiga derretida abraçada pelo pão caseiro a sair do forno.
Saudade dos dias de verão. Dos mergulhos e relógios de horas paradas.
Saudade dos que guardam os nossos “até já”.
Saudades dos que esperamos. O tempo que for preciso.
Saudade. Esta palavra tão doce. Tão cheia de si. Tão carregada de amor.
Tão nossa.
Nossa. O privilégio de ser só nossa.
Saudade. Tanto amor numa só palavra. 
 
FAR
 

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Memória de um Amor que nunca foi!

Bebedor de luas me embriago, negro no fundo negro das vielas e me dissolvo, sem passo, no abismo onde o tempo naufraga sem lembrança.

Um rio sustenta a tua boca, duas margens de água e carne, duas feridas de um desejo que do corpo se perdeu.

Não fosse a tua boca água nua esperando um barco e morreria eu de amar, e morrerias tu sem mar.

Mas do sempre que fomos o que restou? Silêncio aos pedaços, palavras que em lágrima se soletram.

E são de aves as folhas que tombam e não há chão nem vento onde se deitem.

Melhor dormir se o tempo se faz sem ti e guardar-te em sonho até tu mesmo seres noite.

Desperto: todas as pedras secaram, saudosas de carícia tua.

Todas as luas ficaram por nascer sedentas dos olhos que são teus.

Depois volto a beber o luminoso veneno em que escureço e o dia regressa, mendigo e magro,

buscando em mim lembrança de um amor que de tanto ser não saberá nunca ter lembrança.

Mia Couto, in Memória de um amor que nunca foi (Poema)

 

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Se calhar

 ...Se calhar, ainda temos tempo para conquistar o mundo e fazer colares de pérolas com as tuas lágrimas...

 Quem sabe, um dia, tu não me enfeitas os cabelos com beijos e me enches os olhos com o vazio que agora há nos teus, por me não veres.

 Tenho a certeza, que um dia, te sentarás na tua cadeira preferida, pousarás sobre os teus joelhos todas as folhas brancas que povoam as nossas vidas e escreverás a nossa estória, onde tu e eu seremos personagens principais e não meros figurantes, que a vida se encarregou de separar.

 Sabes uma coisa?

 Escrevo-te esta mensagem porque acabei de ler a última carta que me escreveste, de ouvir a última música que ouvimos juntos e de provar o resto do mel que deixaste na minha boca...

 Contudo, jamais saberei se valeu a pena ter-te dito, um dia, que devias parar para cheirar as rosas.

 Acho que foi por isso, que te esqueceste do cheiro que tinha o meu amor e que fechaste a porta, que eu, teimosamente, mantenho encostada...

  Magnólia

 (bocadinhos de um todo)

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