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Viver é aceitar que cada minuto é um milagre que não poderá ser repetido..!

Amanhã!..

LXXXV

Amanha não sei o que farei,

Talvez desate em mim o tempo

Talvez abafe em mim o tempo

Talvez corra em direcção a nada

Talvez guarde um poema na gaveta.

Alguem me diz que devia mudar...reconstruir-me

Como se uma pessoa fosse uma casa..

Em cada compartimento um sentimento..uma frase..um quadro..uma angustia

Em cada móvel um segredo..uma aspiração

Amanhã talvez seja um nobre cidadão

A observar o mundo com olhos irrequietos

como se estivesse dentro de uma solidão

E a claridade das ruas fosse a minha companhia secreta

Talvez passe junto a alguem que me conhece..

Porque somos iguais..mas não sabemos..por isso somos desconhecidos

Se eu coubesse dentro de mim,,,escolheria um tronco de arvore..só para mim

E se chovesse..talvez me abrigasse por dentro das palavras

Como quem discorre sobre ideias descomunais

Amanha..sei que terei a tristeza garantida...

Sei que posso ser a voz que se cruza com outras vozes

E que isso me arrepia...

 

Do livro:

As Sombras não caem das arvores

Casimiro Mestre 

(FolhasdeLuar)

 

 

O meu amor por ti...

O meu Amor por ti é um anjo sem norte, 

uma luz brilhante, triste e solitária que não se apaga. 

É o vento descontrolado que varre o chão de chumbo do meu coração. 

É a chuva que desaba sem aviso numa tarde azul de verão.

O meu Amor por ti tem tranças coloridas e crinas selvagens como o arco-íris.

É como o vento manso de verão, que nos tacteia a pele despida.

É esta sede infinita que trago cravada na alma morta.

São pétalas douradas que cobrem o meu corpo inóspito e cru quando não estás.

Porque o meu Amor por ti é apenas Amor.

Eu amo-te.

Eu amo-te porque te amo e não preciso de mais razões para te amar.

Basta-me o eclipse triste da tua ausência para eu saber o quanto te amo.

Basta-me que escorram as lembranças num rio de lágrimas de cristal

Bastam-me as coisas simples, inúteis, 

porque o meu Amor por ti é apenas Amor

e não preciso de mais razões para te amar.

 

(Desconheço autor!)

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Como é breve o tempo!

Como e rápido o tempo

Em que o mar se abre nos teus olhos

esperança nua, onde a musicalidade

são gritos de buzios sufucados,

no teu proprio calor,

na febre das tuas veias

na alegria da tua presença.

Como é rapido o tempo

em que se faz e desfaz uma noite povoada de segredos

trespassada pelos meus olhos desvairados

Como é já longo o tempo em que abraços e abraços de ternura me ficam no corpo

a doer, a chorarem,

Como foi breve que separou o encontro e a despedida.

Como vai ser longo o tempo!

(U.R.)Paris 83

 

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Vem esta noite!!

Vem esta noite,
Já estivemos tão longe a vida toda..
Amanhã pode já ser tarde demais..

Sei que me viste,
Apesar de os meus olhos quererem ignorar os teus..
E sabes que por dentro choram..
Sabes de mim,

Agora ja sabes de mim..
Eu que sou aquela que se esconde,..
Soubeste disso  sem eu saber como..
Trago-te em mim,
todos os dias um pouco mais..
Quero dizer sim,
Mas digo não..

És muito mais do que te invento,
Tu és um mundo.. com tantos mundos por dentro!

E sim temos tanto pra nos ..contar
E dói,

Ainda doi,
Andares tão só…estupidamente só…

Mas vem esta noite, 

Onde o nosso choro seja o conforto de duas almas 

que se perderam mas se encontraram...

 

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Se partires, não me abraces..

Se partires, não me abraces – a falésia que se encosta uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre e sonha com viagens na pele salgada das ondas.
Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder, porque o ar que respiras junto de mim é como um vento a corrigir a rota do navio.
Se partires, não me abraces –o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno nos dias sem ninguém; - longe de ti, o corpo não faz senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta as embarcações perdidas nos gritos do mar);e o rosto espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas.

Maria do Rosário Pedreira

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Quero-te, além das coisas justas!

Quero-te para além das coisas justas e dos dias cheios de grandeza.

A dor não tem significado quando ma roubam as árvores, as ágatas, as águas.

O meu sol vem de dentro do teu corpo, a tua voz respira a minha voz.

De quem são os ídolos, as culpas, as vírgulas dos beijos ?

Discuto esta noite apenas o pudor de preferir-te entre as coisas vivas.

 

Joaquim Pessoa

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Este vazio em mim...

Espreita uma lágrima no canto dos meus olhos vazios; no mesmo lugar onde antes as novas flores nasciam e floresciam em sonhos secretos de mil cores.

Rasga-me o peito uma palavra humedecida; 

como um fantasma deambulante por entre as sombras que anoitecem, remexendo a folhagem adormecida das lembranças do nosso amor cruel.

Escurece o sol no meu olhar.

Apenas uma luz ténue se vislumbra no canto longínquo do tempo.

Vejo o fundo de mim. O meu vazio. As coisas tristes que me habitam.

Porque longe de ti sou apenas inquietação, desilusão, uma historia inventada de amantes fingidos,a primavera sem floração, sem o canto magistral das andorinhas.

Sou mil noites vazias sem o sopro quente do amor.

 

Porque longe de ti, meu Amor, sou apenas eu.

 

(orapazdoamor)

 

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Ausencia!

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei… tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinicius de Moraes

 

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Os Anjos que andam por aí..

Eu desistiria da eternidade
para tocar você
Pois sei que de alguma forma
Você me percebe

Você é o mais perto do céu
Que eu posso chegar
e não quero voltar
Para casa agora...

O único gosto que sinto
É o deste momento
E tudo que tenho para respirar
É seu amor.

Por que cedo ou tarde
Isto pode acabar
Hoje a noite
Não te deixarei ir...

Eu preferiria...
Sentir o cheiro de seus cabelos,
Dar um beijo em sua boca...
Tocar uma vez em sua mão...
A passar a eternidade sem isso!

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